domingo, 28 de outubro de 2012

As dívidas do GALO


Matéria do Jornal O Tempo - Publicado em 28/10/82012
http://www.otempo.com.br/otempo/noticias/?IdNoticia=214608

O orçamento atleticano para a contratação de grandes jogadores receberá o incremento de alguns milhões nos próximos meses. A dívida trabalhista do clube - que por anos e anos onerou seus cofres e o fez temer, entre outros prejuízos, o leilão de taças e da própria sede administrativa - está perto do fim. O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) pediu, no último mês de setembro, a extinção do acordo firmado com o Atlético para o pagamento dos débitos a ex-atletas que acionaram a Justiça trabalhista contra o clube de Lourdes.

Dos R$ 47 milhões da dívida trabalhista atleticana em 2007, quando o acordo foi assinado pelo então presidente Ziza Valadares, restam apenas R$ 5 milhões, segundo levantou O TEMPO, em valores aproximados. E a derradeira equalização da dívida já tem data marcada. Em outubro de 2013, o alvinegro finalizará os dois últimos processos acordados no Juízo Auxiliar de Execuções do Clube Atlético Mineiro, criado em 9 de março de 2007 e sob competência da secretaria de Execuções e Precatórios do TRT.

Atualmente, 15% de tudo o que o Galo arrecada, entre penhoras de parte da bilheteria e outros tipos de arrecadação, como cotas de TV, é usado para quitar as ações. É um mínimo de R$ 375 mil que deixa de entrar no caixa alvinegro mensalmente, segundo determinou o juízo (veja na página ao lado como funciona o acordo entre o Atlético e a Justiça do Trabalho).

Com esse dinheiro, o clube pagaria tranquilamente o salário de sua principal estrela, Ronaldinho Gaúcho, cujos vencimentos são estimados em R$ 300 mil por mês. Com o fim da dívida, o orçamento anual do Galo ganhará aproximadamente mais R$ 4,8 milhões.

Aceleração.

Em quase dois anos de administração, Ziza Valadares conseguiu saldar R$ 7 milhões da dívida, segundo apurou a reportagem. Ao assumir o Atlético em novembro de 2008, o presidente Alexandre Kalil enxugou os gastos e incrementou as receitas, o que possibilitou o depósito de valores maiores ao mínimo de R$ 375 mil mensais. Desde então, o alvinegro conseguiu pagar mais R$ 35 milhões da dívida.

Quem pediu a extinção do acordo foi a juíza auxiliar de execuções da Secretaria de Execuções e Precatórios do TRT, Maria Cecília Alves Pinto. Ela encaminhou o processo para a primeira vice-presidência e, posteriormente, para a presidência do tribunal, que determinou, em parecer publicado no dia 28 de setembro, que exatos R$ 4.517.016,14 que restam da dívida continuem a ser pagos parceladamente até outubro do próximo ano. A partir de agora, toda nova ação trabalhista contra o clube voltará a ser tratada separadamente em cada vara trabalhista.


Negociação.

Para a juíza Maria Cecília Alves, a Justiça trabalhista cumpriu com seu papel dando uma alternativa viável para que o clube pudesse sanear sua dívida. "O Atlético nos procurou porque tinha um passivo muito grande. A Justiça estava fazendo bloqueios em suas contas, o que estava inviabilizando o funcionamento do clube. Essas parcelas de débito a longo prazo deram fôlego para o clube retomar a atividade, o que é fundamental para se desenvolver", destacou a magistrada.

O ex-presidente Ziza Valadares ficou feliz ao saber que a dívida está próxima do fim. A ação, ao lado do retorno do Atlético à elite do futebol nacional, em 2007, é considerada por ele o maior feito de sua passagem pelo clube. "Antes do acordo, era a penhora de taça, bloqueio de contas, cada dia uma ação diferente. Não tinha como trabalhar, pagar salários. Antes do acordo, tinha funcionário com seis meses sem receber. Fico feliz de o Atlético ter honrado o compromisso", ressaltou.

O Atlético, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que não poderia detalhar os números da dívida trabalhista, mas confirmou que ela vem sendo reduzida consideravelmente desde a assinatura do acordo, em 2007.
ORÇAMENTO
Independência e valorização da marca aumentam a receita
O orçamento do Atlético aumenta a cada ano. Só nos dois últimos, o dinheiro reservado para investir na contratação de atletas aumentou em 80%. Em 2011, o clube tinha reservado R$ 100 milhões para gastar. Para 2013, o valor - que será aprovado ou não pelo Conselho Deliberativo em votação no próximo dia 12 de novembro - já chega a R$ 180 milhões.

Com relação ao ano passado, o crescimento foi de 38,4%. O orçamento de 2012 foi de R$ 130 milhões, o que já tinha registrado um crescimento de 30% com relação à previsão anterior.

O presidente do conselho, Emir Cadar, cita alguns motivos para o aumento orçamentário. "Isso se deve à receita de portaria que a gente está tendo com o Independência e que, antes, não tinha. O patrocínio também aumentou, a marca se valorizou, principalmente depois da chegada de Ronaldinho Gaúcho", ressaltou Cadar.

Pensando alto, o clube chamou sua fanática torcida para atuar juntos, aumentando a política de preços dos ingressos. Na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas - a casa alvinegra por quase dois anos devido ao fechamento do Mineirão e do estádio do Horto -, um ingresso custava, em média R$ 20. Agora, no Independência, o ingresso varia de R$ 20 (mais baratos por causa dos problemas de visibilidade) a R$ 150 (com o patrocinador pagando metade do valor real).

O clube também abocanha R$ 1 milhão por mês com o programa sócio-torcedor Galo na Veia, que conta com 5.400 associados. Em 2013, com a reabertura do Mineirão, a expectativa é que novas cotas sejam colocadas à venda. A procura deve ser grande, já que o clube vive a expectativa de voltar a disputar a Copa Libertadores após 13 anos longe da principal competição de clubes do continente.


Penhoras.

Em 18 partidas como mandante na nova Arena Independência, incluindo os clássicos da final do Campeonato Mineiro - quando o alvinegro dividiu a renda com o América -, o Atlético deixou de receber mais de R$ 1 milhão referentes aos 15% da renda que é penhorada a cada jogo para o pagamento da dívida trabalhista. (TN)



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