sábado, 24 de setembro de 2011

COMPLEXO DE INFERIORIDADE – “A doença atleticana”

Texto de Paulo Guto, na  comunidade "oficial "do Atlético MG no orkut. 09/08/2010

O problema maior do Atlético nos últimos anos não é juiz, não é Edson, Aranha, R. Oliveira, Evandro, Curê, Werley, Ricardinho, Luxemburgo, Celso Roth, Marcelo Oliveira, Tite, Kalil, Ziza, R. G., Tucho, Diego Macedo, Thiago Feltri, Éder Luis, mídia, azar, chuva, Arena do Jacaré, estrelismo, STJD, Globo, “jornalista maria“, cornetagem, apoio incondicional, charanga, salário atrasado, time experiente, time imaturo, time sem investimento ou time de estrelas, nada disso! Estamos sempre buscando culpados e “bodes expiatórios” , mas a “doença atleticana” é comportamental, é de postura, é o complexo de inferioridade! (por favor, não confundam isso com “inferioridade”, “ser inferior”)!
O complexo citado, a meu ver, começou em 87, com a derrota para o Flamengo na copa união, reapareceu em 95 em Rosário, teve seu ápice em 2002, com os 6 x2 em casa do Corinthians(reconhecido pelo Kalil) e se consolidou com a “tríplice coroa”.
Repararam que, de lá pra cá, o Atlético simplesmente não ganha jogos decisivos contra times grandes em nenhuma hipótese? De um Vasco horroroso a um SPFC de Telê Santana, se o Galo os enfrentar em mata- mata, perde! “Tropeça”, “dá azar”, “joga mal”, contra o inferior e não se supera contra o superior.
Quantas vezes você viu o Galo ganhar no Pacaembu? Engenhão? Olímpico? Beira Rio? E os tabus negativos? Quantos temos acumulado recentemente? Botafogo, Inter, Cruzeiro… E isso com todo o tipo de time atleticano, time caro, barato, medalhão, bom, ruim, com técnico ou sem, a postura foi a mesma! (Antigamente os clássicos contra as Marias eram isentos, mas de 2003 pra cá isso mudou! Não mais as superamos, quando vale alguma coisa.)
É o ambiente de medo, de acomodação, de pouca exigência com resultados, de justificativas de derrotas, de culpar terceiros, de esquiva aos próprios erros e limitações que gera este complexo, que entranha nos jogadores, técnicos, base e até na torcida, que vem se tornando “tímida” na hora H!
Não precisa o adversário ser grande e ter camisa para o Atlético não se superar, basta ter algo que assuste: camisa, futebol bonito, qualidade técnica, fama de raça, um Jobson, um Wellington Dias,um Simon (sim, é preciso enfrentar juizes também , na camisa!), um estádio “caldeirão”, se o adversário precisa vencer pra clasificar ou não cair, esquece, perdemos! Se enfrentarmos um São Caetano com Serginho e Ademar, ou um Guarani de João Paulo e Careca, uma Portuguesa de Rodrigo Fabri e Alex Alves, também perdemos! Não valorizamos a cultura da superação e sim a da aceitação! Outra estratégia é culpar a chuva, o juiz, o pasto, os desfalques, o azar, a perseguição da mídia-stjd-CBF. A culpa nunca é da nossa falta de atitude e a postura vencedora nunca é cobrada dos jogadores posteriormente, nem pela torcida, nem pela mídia, que absorvem essa “cultura de aceitação”!
Isso ficou muito evidenciado nos jogos decisivos finais do brasileiro passado, especialmente Inter, Flamengo, Palmeiras e Coritiba, eram difíceis mesmo!
Já repararam a diferença no tratamento da mídia com as Marias? Notaram como eles acham um absurdo uma derrotinha qualquer fora de casa e a morte uma eliminação, mesmo que para um adversário forte?
Os fracassos também são bem digeridos nas categorias de base, não ganhamos nunca de Grêmio ou Inter naquele torneio anual disputado no R.S, por melhores que estejamos, pois “lá no sul é difícil mesmo”. Na copa São Paulo, se pegamos um São Bernardo bem arrumadinho em sua casa, também somos eliminados. O importante é “revelar jogador”, vamos criando jogadores “mimados” , acostumados com a derrota e a “mão passada na cabeça”, não os exigimos a vitória e assim os formamos às vezes até bons de bola, mas sempre com perfil acanhado, tímidos e que se assustam em grandes jogos! Repararam??Já notaram a dificuldade deles de lidar com a pressão adversária ou até mesmo com a cornetagem, que é comum em qualquer time grande? Querer acabar com vaia é igual vender o sofá depois da traição!
Os times grandes não têm medo de ninguém, os times médios também não se assustam, o CAP, o Vitória, o Sport, tão sempre aí eliminando times grandes! Até os pequenos parecem ter auto estima maior que a nossa: O Santo André, quando está bem, não tem medo de Santos de Neymar, é atrevido, ganha em pleno Pacaembú. Quantas vezes vimos Paysandu, São Caetano, Barueri, Juventude, Paulista, Criciuma superando grandes? São Paulo e Palmeiras foram fregueses por muito tempo do azulão, mesmo com a diferença grotesca de camisas! O Ipatinga de 2005 a 2007 eliminou mais times grandes do que o Galo, em 15 anos.
O Atlético precisa abandonar essa cultura das desculpas, do medo, da acomodação, da pouca exigência com os resultados (basta as contas estarem em dia, basta haver um CT de qualidade e nosso técnico ser de nome, para os resultados presentes serem relegados a segundo plano, afinal, “temos um time para o ano que vem”, como o R.G. já falava lá em 2000, 2001). Os times médios se indignam mais com os fracassos do que o Galo!. Chega desse ciclo vicioso, mas isso só terá fim com total empenho, total rigor , intolerância a erros infantis, punições aos negligentes, imprudentes ou incapazes em campo, cultura de superação, fim das justificativas e aceitação de fracassos e da cultura do “empate fora de casa” e , sobretudo, um abraço da torcida ao time, apoio total nos dias de jogos e nos 90 minutos.
Não esqueçamos de valorizar nossas conquistas, nossos ídolos, nossa história. Os tragam pra dentro do Clube! No Santos o garotinho do infantil da bom dia a Clodoaldo, Pepe, Coutinho, todo dia, o Galo precisa disso, de ir formando a consciência em todos de nossa grandeza e exigir deles resultados compatíveis! Somos o maior campeão estadual dos grandes centros, o primeiro nacional (37) , o primeiro brasileiro (71), bisulamericano, ganhamos da seleção brasileira Pelé, Rivelino e Tostão, representamos o Brasil, tivemos Reinaldo,Mário de Castro, Telê, Taffarel! Aqui é Galo e não Ponte Preta, Goiás ou CAP!

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